
QUE TIPO DE FOTOGRAFIA VOCÊ MAIS GOSTA DE FAZER?
"Me interessa o indivÍduo e suas múltiplas relações. Eu adoro a chamada 'fotografia de rua', onde o recorte autoral está na forma como o fotógrafo lida com os diversos elementos que compõem a imagem. Nesse estilo de fotografia normalmente temos uma ideia inicial do que queremos, mas o inesperado joga o seu papel e gosto de pensar que os melhores resultados virão se estivermos de espírito aberto, livre, sem preconceitos.
Gosto também de uma fotografia mais elaborada, onde a ideia inicial vai norteando todo o trabalho. Meus três últimos projetos, o Faces, ainda inédito no Brasil, e os outros dois, Lá vem a cidade e Nós, os marcianos ainda inconclusos, têm essa pegada."
QUAL É O TEMA MAIS EXPRESSIVO NOS SEUS TRABALHOS SOBRE O RECÔNCAVO?
"Documentei a relação de marisqueiras, pescadores, gente que manifesta a sua fé nas águas do rio, enfim, o cotidiano das populações ribeirinhas e suas múltiplas relações com o rio Paraguaçu. Esse trabalho, que chamo de O povo dos rios, pode ser visto em www.alvarovillela.com.br. Além disso, fotografei por cinco anos o carnaval de Maragojipe, lançando em 2014 meu segundo livro, Careta, quem é você? Espero que se interessem! (riso). Pode ser adquirido comigo."
QUE MEDIDAS VOCÊ TOMA PARA SE PROTEGER DA PIRATARIA NA INTERNET?
"Confesso que não vivo com essa paranoia, mas de qualquer sorte, uso uma resolução baixa ao publicar em redes sociais, sites ou afins."
NA SUA OPINIÃO, UM BOM FOTÓGRAFO PRECISA MAIS DOMINAR A TÉCNICA OU POSSUIR SENSIBILIDADE NO OLHAR?
"A técnica deve estar a serviço do olhar, da sensibilidade. Isso, na minha opinião, é o que define um bom fotógrafo. Por outro lado, deve ser frustrante você ver alguma coisa que te interessa fotografar e quando analisa o resultado, nada do que viu está ali. Além de saber o que quer, saber olhar, tem que saber fazer."
QUAIS SÃO OS SEUS MESTRES NA ARTE FOTOGRÁFICA?
"São tantos. Tem a invisibilidade do Bresson, a alegria do Lartingue, a proximidade do Capa, o engajamento do Koudelka, só para citar alguns dos imortais da fotografia mundial. Devo falar também da seminal exposição Nova Topografia, de 1975, considerada um divisor de águas na fotografia contemporânea do século XX. Mas nem só de fotografia se alimenta o fotógrafo... Tenho que citar o filme Deus e diabo na terra do sol, do Glauber Rocha, a poesia do Manuel de Barros, da Clarice Lispector, do Quintana... Como já disse, são tantos!."